A obra “A mulher no século XX” partiu dos principais pontos abordados pelo chefe da Ação Integralista Brasileira, Plínio Salgado, em uma conferência realizada em Portugal em 1946, na qual ele enfatizou o papel da mulher no referido século à luz da Fé Católica.
No capítulo 1, ele enfatizou a falta de amor de mãe na vida de um jovem cientista do século XIX que o levou a ver a função da mulher de forma completamente materialista e anticristã ao atribuir-lhe inferioridade mental e intelectual em comparação com o homem.
No capítulo 2, Plínio Salgado destacou o pensamento unilateral dos pensadores, filósofos e sociólogos do século XX que pretendiam elevar a ciência à pedra angular de uma doutrina que servisse como referência de crítica histórica, política social ou de orientação pedagógica. Plínio defendeu, como forma de superação da unilateralidade, a simplicidade pela complexidade e a ampliação dos estudos das leis que regem o Universo por meio da atualização do pensamento aristotélico e a compreensão de toda a verdade da filosofia de Santo Tomás. Apontou Balzac como alguém que soube ler e entender a alma feminina em contraposição aos romancistas dos séculos XVIII e XIX. Acreditou ser impossível compreender a alma feminina e o papel da mulher na família, na sociedade e na Nação sem os fundamentos espiritualistas e cristãos da vida humana. Enfatizou a dificuldade dos materialistas em definir os limites dos atos inerentes a cada sexo. Para os utilitários, a solução seria deixar a mulher livre para escolher suas experiências e a partir daí tirar as conclusões sobre seu papel e seu destino. Plínio considerou tal pensamento incompetente por estimular as mulheres a serem cobaias de si mesmas indo às cegas para um futuro incerto. Aos erros do utilitarismo, soma-se o de tratar homens e mulheres como se não precisassem uns dos outros.
No capítulo 3, Plínio destacou a ciência do século XIX como inimiga das mulheres, citando Darwin e outros autores que pregavam que o cérebro feminino pesava menos que o masculino, se valendo dos estudos de craniometria de Huscke e Wekcker para forçar a conclusão de que a mulher possui desenvolvimento psíquico inferior ao do homem.
No capítulo 4, Plínio enfatizou que os homens que geralmente são contra a tese de que a mulher é mais coração são aqueles filhos rejeitados que só tiveram pai e que, por essa razão, reivindicam para os homens aquilo que é próprio da natureza da mulher, tese essa que influenciou o materialismo prático nas ciências.
No capítulo 5, o autor expõe a relação do pensamento Darwiniano de que as mulheres têm cérebro reduzido com o estímulo da futilidade, que se materializa através da moda e com a excessiva preocupação com a parte física, como se isso fosse a única coisa que importasse na vida das mulheres. Contrapondo o que dizem os cientistas materialistas, Plínio destacou que o Cristianismo se opõe à toda futilidade e que este formou, no decorrer dos séculos, mulheres intelectuais, com capacidade de trabalho e de governança de comunidades e povos.
No capítulo 6, Plínio destacou que os materialistas atribuem à família e à religião a inferioridade social da mulher com o falso argumento de que a família veio após à comunidade social, que aquela foi uma criação teocrática e patriarcal para escravizar as mulheres e o princípio cristão de indissolubilidade do Matrimônio foi o principal causador do cerceamento da liberdade da mulher. Tais argumentos não se sustentam do ponto de vista histórico, pois os antigos clãs e divindades tinham como base os núcleos familiares.
No capítulo 7, Plínio enfatizou o papel da mulher na tão difamada Idade Média, destacando as homenagens que ela recebia dos cavaleiros, no governo dos filhos e na influência sobre as decisões dos maridos. Citou, como exemplo, mulheres como Santa Helena, que converteu seu filho Imperador, mudando assim, toda a política de um império; Santa Mônica, que converteu seu filho, Agostinho, livrando-o do Maniqueísmo e recebendo o Batismo pelas mãos de Santo Ambrósio; entre outras que alcançaram bons resultados sem precisarem inverter seus papéis. Destacou que a moral materialista proclama a lei do instinto, que é o caminho das misérias que predominam na sociedade.
No capítulo 8, Plínio destacou o erro dos fanáticos materialistas, que julgam a moral cristã como um meio de tirar a felicidade das pessoas, assim como pensam que as novas conquistas da ciência devem superar a moralidade, criando outras formas desta. Reforçou que Deus é o criador absoluto de todas as coisas e deu ao homem a capacidade de trabalhar a matéria de acordo com as formas de seus pensamentos.
No capítulo 9, Plínio ressaltou que os materialistas, visando emancipar a mulher através dos saberes, não consideram a vocação maternal de cada uma delas, colocando-as em um utilitarismo que não sabe de onde veio, nem para onde vai.
No capítulo 10, Plínio afirmou que os materialistas querem que a mulher não seja usada como objeto, mas ignoram que foi justamente o Cristianismo quem mais lutou contra essa tendência de viés pagão, que agora é reanimado através do materialismo rousseauniano do século XVIII e do evolucionismo do século XIX. Remontou a figura feminina desde o livro bíblico do Gênesis, a qual foi ordenada a “esmagar a cabeça da serpente” como uma prefiguração de sua função no combate ao mal, principalmente nas sociedades agnósticas ateístas e paganizadas de todas as épocas e lugares. No relato evangélico da anunciação do anjo, a mulher é descrita como “cheia de graça”, e Plínio interpreta este fato como uma forma de demonstrar que a “revolução” cristã perante os erros das sociedades pagãs foi iniciada pela Mãe do próprio Cristo, ou seja, pelo sim de uma mulher ao projeto do Criador. Encontrou no diálogo de Maria com sua prima Isabel, e na expressão do Magnificat, o protagonismo das mulheres no anúncio do projeto de Deus. Enfatizou que, durante toda a sua vida pública, Jesus colocou homens e mulheres em pé de igualdade ao contar com o auxílio das mulheres dos apóstolos e outras discípulas, incluindo a sua Mãe. Ao livrar da pena de morte uma adúltera diante de outros homens mais adúlteros que ela, Jesus demonstrou que os direitos dos homens e das mulheres são iguais e que o homem não pode condenar a mulher se pratica os mesmos crimes que ela.
No capítulo 11, ao falar da igualdade proposta pelos emancipadores da mulher, enfatizou que, assim como o homem, a mulher é um ser de tríplice expressão: física, intelectual e espiritual, ou ainda: econômica, cívica e espiritual. Criticou o materialismo, pois este só considera a parte física e a econômica. Criticou o agnosticismo liberalista por considerar somente as liberdades democráticas sem levar em conta as necessidades de ordem material e espiritual. Considerou um erro encarar a questão somente do prisma espiritual. Afirmou que, tanto o homem, quanto a mulher, possuem aspirações, direitos e deveres no tocante à subsistência física, a interferência na vida político-social e às aspirações religiosas. Destacou a diferenciação orgânica entre homem e mulher como uma necessidade da conservação da própria natureza em busca de um objetivo comum, o que não quer dizer que um seja superior ao outro, mas apenas diferentes.
No capítulo 12, Plínio destacou que o prolongamento psicológico das funções físicas da mulher se manifesta nas sociais através da maternidade, não importando se ela terá ou não filhos. Não importa se seja no meio familiar, intelectual, social ou até no político, o importante é que a mulher exerça conscientemente sua missão maternal, mesmo sendo solteira. Destacou que o Papa Pio XII, em discurso a 3000 mulheres da Ação Católica, afirmou que “a função primordial da mulher, a sua inclinação inata é a maternidade”. Enfatizou a necessidade de a mulher com filhos se dedicar à educação destes e frisou o erro da sociedade em pagar um salário insuficiente ao homem obrigando a mulher a sair de sua função e substituí-la pelas creches que deveriam ser uma exceção, e não uma regra.
No capítulo 13, Plínio ressaltou que uma mulher que não recebeu uma adequada educação não estaria apta a educar seus filhos nas virtudes. Se não recebeu um referencial do próprio pai não vai se interessar pelos ideais de seu marido. Além disso, como uma mulher que não recebeu nenhum referencial sobre a Pátria, a grandeza dos heróis e a santidade poderia preparar seus filhos para a vida pública? A mulher é o resultado de um homem e vice-versa. Perdendo o interesse pelos valores morais, o homem sucumbirá em um grosseiro utilitarismo que o levará a usar as mulheres como objetos de um interesse superficial e imediatista.
No capítulo 14, Plínio enfatizou que os livres-pensadores do século XIX criticavam os príncipes que, apesar de possuírem um exército forte, submetiam suas contendas aos conselhos de um pequeno soberano que, apesar de fraco materialmente, moralmente falando, possuía grande relevância devido à sua missão sobrenatural. Os estadistas excluíram Deus de seus negócios e trocaram a moral cristã por um sistema de relações internacionais baseado no vazio utilitarismo e nas concorrências ferozmente ambiciosas. Os homens do século XX que foram educados fora da Lei de Deus passaram a desconsiderar a primazia do moral sobre o material e da realidade espiritual sobre a física. Com o predomínio da força bruta, o poderio bélico passou a ser a hermenêutica jurídica nos tratados. Rejeitando a paz de Cristo, foram obrigados a se submeterem à paz de César. Em relação à mulher, isso se reflete na educação de seus filhos baseada no êxito material e na acomodação em cargos e promoções. O Catecismo servindo apenas para decorar sem nenhuma obrigação moral com seus ensinamentos e a religião se reduzindo às cerimônias sem nada tendo a ver com a vida particular das pessoas.
No capítulo 15, Plínio apontou duas correntes igualmente erratas no papel da mulher. Enquanto uma a concebia como um simples bibelô vivendo apenas em função da beleza física, a outra já pregava o extremo oposto, querendo que a mulher exercesse todas as funções dos homens, forçando como regra algo que só caberia em alguns casos em que a mulher precisasse prover seu próprio sustento e/ou de seus filhos. Enfatizou que as profissões devem preservar a mulher das misérias morais e materiais, e não servir como um meio de corrompê-las em sua essência maternal. A sociedade liberal capitalista não possui alma e favorece a concorrência em detrimento dos mais pobres e transforma o trabalho em um mero produto da lei da oferta e da demanda, que também prejudica as mulheres que necessitam do salário para subsistência de si própria e de seus filhos, o que pode, gradativamente, corrompê-las e levá-las a buscar o complemento de sua renda na venda de seus encantos. A mulher casada pode contribuir no aperfeiçoamento das virtudes do marido pelo seu exemplo. A mulher solteira pode cooperar pelo seu exemplo aos demais na função que exerce na sociedade. Independente do estado de vida, a mulher deve estar preparada intelectualmente, psicologicamente e moralmente para ganhar o pão de cada dia.
No capítulo 16, Plínio destacou que a falta de diferenciação de comportamentos entre homem e mulher pode levá-los a não enxergarem a interpendência entre marido e mulher e transformar as relações em trocas de camaradagens, o que leva à desvalorização da mulher devido à promiscuidade e liberdades em excesso que vão sendo contraídas. Tudo isso torna as relações efêmeras, promove a masculinização da mulher e a perda da virilidade do homem, como também, promove o Estado totalitário e cerceador da verdadeira noção de liberdade humana devido à sociedade ter sido conduzida a uma perda dos referenciais de estrutura familiar.
No capítulo 17, Plínio enfatizou que o problema da mulher no seu século será em outros também e que a mudança moral sempre trará novas dificuldades. Os princípios imutáveis do Cristianismo são a base segura para os homens e as mulheres compreenderem seus papéis no século em que se encontram. Destacou a importância de a mulher assumir uma postura política em defesa da família cristã, principalmente na construção da sociedade que se formou no pós-guerra. Sua ação social deve ser eminentemente educadora e predisposta a ouvir os anseios dos desafortunados, de modo a impedir que estes sejam cooptados pelo materialismo que visa destruir a dignidade humana.