O meu encantamento por ele se iniciou bem antes de conhecer suas obras, sua personalidade e seus ensinamentos. Começou quando eu era apenas uma criança que não sabia ler nem escrever. Meu pai sempre me ensinou a importância de ser uma pessoa bem informada, porém, na ignorância de me incutir a virtude da busca pelo conhecimento, ele me obrigava a assistir jornal nacional dentre outros canais midiáticos de informação. Todavia, sentia certa repugnância pela mídia tradicional, soava falso tudo aquilo que via e ouvia, como se fosse uma espécie de sexto sentido. Sentia-me desinformada, iludida mesmo.
Num certo dia ouvi um radialista falando muito mal do Olavo de Carvalho, não compreendi nada da discussão, não fazia ideia do assunto em voga, porém, imediatamente reconheci a verdade naquele ser humano e brotou em mim uma grande admiração e amor por aquele sujeito que só conhecia o nome. Sentia que eu iria ter muitas respostas para as inúmeras questões que desejava conhecer naquele homem e, por medo de esquecê-lo, sempre metia o nome dele nas minhas brincadeiras, e assim, recordava-me de sua pessoa todos os dias.
Naturalmente, com o passar dos anos fui me esquecendo dele e só depois de adulta, durante o início da minha conversão, eu comecei a me deparar com vários prints de twitter dele no meu Facebook, que eram replicadas por páginas Católicas. Sempre que me esbarrava em suas frases me recordava desse episódio da minha infância e, num certo dia, resolvi entrar nas redes sociais dele para matar a curiosidade e saber quem ele era a partir daí fui me interessando por sua obra.
Realmente foi um grande achado, ler seus textos para mim era como ter vendas sendo arrancadas dos meus olhos, é impossível sintetizar por escrito tudo que aprendi com esse grande mestre. Seus ensinamentos ultrapassam a esfera do “conteúdo programático”: ele nos ensinou a construirmos nossa personalidade, a encontrar nossa vocação e os valores norteadores das nossas vidas, a lutarmos não por um futuro melhor, mas para fazer a vontade de Deus a fim de agradá-lo. Ensinou que a vida nada mais é do que uma peça de teatro que no final dela só haverá um espectador, o Deus Todo-Poderoso, e que é apenas deste espectador que devemos buscar as palmas e a aceitação.
Existe um aspecto central na obra dele que é a busca pela realidade, seu esforço de mostrar as coisas como elas de fato são, de colocar seus alunos em sintonia com a realidade, e é exatamente nesta característica que vejo o brotar de tanto ódio à sua obra. Seus adversários e haters definitivamente não querem estar em contato com a realidade, abominam-na com todas as forças, negando-a veementemente em seus corações e, sinceramente, eu os compreendo perfeitamente, não é fácil encarar a realidade, ela é feia, dura, amarga, de difícil deglutição, completamente diferente da doce ilusão de uma vida de mentiras.
É duro lidar com o fato de que a nossa querida Pátria é governada pelo narcotráfico e pelo Foro de São Paulo e não pela democracia e pelo voto popular. Difícil aceitar que a maioria dos nossos universitários são analfabetos funcionais, que a nossa cultura está decadente, que os nossos artistas só se preocupam em receber verba do Governo enquanto fingem serem engajados pelas causas sociais da nação, que o Feminismo não se importa com a mulher, apenas busca nos instrumentalizar para fins políticos, que políticas populistas só visam arrecadação de voto via bolsa miséria disso e daquilo, que a bem da verdade muitas das mazelas que assolam a nação foram produzidas por quem diz combatê-las justamente para colocar os brasileiros de joelhos implorando ao papai Estado por proteção e subsídio, dentro outros inúmeros infortúnios.
É realmente muito constrangedor se deparar com o fato de que até mesmo a história contada nas escolas foi completamente deturpada para que a sua visão de mundo fosse moldada pelo deus Estado, que a luta para o fim dessa escravidão é árdua, perigosa, maçante e solitária, que muitos pularam do barco e te traíram. Enfim, é duro ver que a realidade é bem diferente do que os grandes meios de comunicação e ditos intelectuais dizem ser, que aquele que parecia ser o mocinho na verdade é o vilão e vice versa, que na verdade fomos feitos de trouxas e que a salvação dessas mazelas passa por reconhecê-las, buscar aprofundamento, entrar em contato com a realidade e daí tomar atitudes baseadas nelas.
Depois da amostra de uma pequena parcela dos males que assolam a nação, é perfeitamente compreensível o ódio à realidade. Aqueles que a esfregam em nossas caras a fim de nos fazermos acordar para a vida são vítimas de ódio gratuito daqueles que não querem enxergá-la ou quando enxergam não possuem a coragem para encará-la.
Não perdemos apenas um professor, perdemos um pai, um amigo, um avô, uma biblioteca ambulante, perdemos parte de nós. Sobre a emocionante foto de sua cadeira vazia após sua morte, tão compartilhada nas redes sociais, interpreto-a como um até breve, pois a vida não é curta, a vida é eterna, e como dizia Santa Terezinha do Menino Jesus: “A vida é um instante entre duas eternidades”. E sobre a menininha que buscava tanto por respostas às suas questões, sim, ela as encontrou. Obrigada, Olavo, por não ter renunciado à sua vocação de educador desta Nação e por fazer tudo que estava ao seu alcance por nós.
Por Taynara Picoli Rosa
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