Destaca, na Pré-história, o surgimento da Astrologia na Mesopotâmia, a crença dos caldeus nos recursos da adivinhação e da medicina mágica empregada na cura de doenças. Entre os sumérios, havia o mito da ressurreição, cuja origem veio dos mistérios egípcios e gregos.
Na Grécia, havia a prostituição sagrada, sendo o prazer erótico a parte principal do culto. Também possuíam a crença em deuses bons e maus, sendo os primeiros os que previam o futuro, e os últimos, aqueles que distorciam o destino e introduziam fatos novos.
No Egito, além das práticas mágicas para curas, técnicas de adivinhação e astrologia, se deu o início das crenças iniciáticas reservadas a poucos, como também, a valorização dos ritos mortuários, que, através do processo de mumificação dos corpos dos falecidos, se tornaram os precursores das técnicas de embalsamento.
Na Palestina, embora tenha havido uma rejeição à magia dos outros povos, pelo fato desta ter sido habitada pelos semitas e os hebreus serem dessa raça, não ficaram totalmente livres desse sistema de crenças. Cabe lembrar que a crença mágica entrou na Mesopotâmia através da conquista pelos povos semitas e os egípcios aprenderam boa parte de suas práticas mágicas ao terem tido contato com eles. Até mesmo, no Templo de Jerusalém, no qual habitava Jeová, o deus único, havia adoração a outros deuses.
A prática mágica na Palestina consistia na manipulação de esmeraldas que, ao serem jogadas como dados, ao cair, simbolizavam a resposta “sim” ou “não”. A Bíblia sofreu influências dessa mentalidade mágica, quando se destacam, no Antigo Testamento, os sonhos do copeiro e do padeiro do faraó e a interpretação deles por José.
Embora na Pérsia não tenha surgido o interesse pelo ocultismo, pelo fato de sofrerem influências do antigo povo ário que habitou o planalto iraniano, posteriormente, surgiram as crenças mágicas. Destaca-se o mito de Mitra, a crença nos poderes das trevas como criadores do mundo, que é simbolizado como o “velho Adão” cujo senhor é Ahriman. Pelo fato dos elementos “terra” e “fogo” serem considerados sagrados, os mortos não eram enterrados, e sim, expostos no alto de uma torre, para serem destruídos pelas aves de rapina.
Na Antiguidade Clássica, a Grécia, além da absorção dos deuses dos povos anteriores, também praticava a magia, adivinhação e a prática ocultista dos egípcios. A magia influenciou a filosofia, tendo como referência Sócrates, que também era visto como mago. Destaca-se o surgimento da chamada “magia negra”, a qual era praticada por mulheres chamadas de “bruxas”, que consistia em ritos abomináveis de malefícios com terríveis ensinamentos.
Roma herdou a magia dos seus antepassados etruscos, porém, monopolizou-a e perseguiu aqueles que praticavam as que os altos magistrados consideravam “não oficial”. O império romano foi o precursor da inquisição e da caça às bruxas, condenando à morte aqueles que se recusavam às práticas de sua religião ou que praticavam a magia ilegal.
Durante a Idade Média, após às implacáveis perseguições dos imperadores romanos, a magia subsistiu até os séculos V e VI. Embora tenham sido condenadas pela Igreja como diabólicas, era tolerada pelos homens e mulheres comuns. O único temor que havia em relação aos bruxos era pela possibilidade de eles, através das práticas mágicas, fazerem o mal. Através da Lei Sálica, sancionada pelos francos no século V, a bruxaria era punida com multa, o que era considerado benigno, frente a atos horrendos, como comer carne humana. Já o Código de Carlos Magno condenava os bruxos à prisão e à penitência.
Durante esse período, surgiram três modalidades de magia: a branca, a negra e a bruxaria. A magia branca consistia em evocar as forças ocultas para fazer o bem; a negra, para fazer o mal; e a bruxaria submetia o praticante às forças do além.
A Igreja, visando unificar seu domínio na Índia, Pérsia, Egito, Israel e Grécia, condenou o agnosticismo como heresia e seus cultos como satânicos. Mais tarde, a mando de Felipe, o Rei da França, os cavaleiros Templários foram perseguidos sob a alegação de realizarem cultos satânicos e perversões sexuais.
Somente quando a Igreja declarou a bruxaria como herética é que a população passou a ter uma fé cega nos poderes ditos satânicos que as bruxas diziam ter.
Crendo que as bruxas pudessem realizar pactos satânicos e prejudicar as pessoas, o Papa Gregório IX emitiu uma Bula em 1233 criando o tribunal da Inquisição. Em 1484, o Papa Inocêncio VIII emitiu uma nova Bula denunciando os malefícios cometidos pelas bruxas e ordenando sua perseguição, julgamento e execução.
Um século após a Bula do Papa Inocêncio VIII, o culto demoníaco começou a decair e, somente no século VIII, se reduziu a grupos de pequena relevância.
Ainda na Idade Média, além da bruxaria, havia a necromancia, que consistia na consulta aos mortos, que acreditavam ser espíritos fantasmas que não estavam encontrando paz após sua morte. Eram espíritos vagantes, que apareciam quando queriam, sendo consultados apenas por interesses pessoais, como para a descoberta de algum esconderijo de tesouros.
No Renascimento, o surgimento do interesse pela descoberta das forças da natureza a fim de dominá-las deu origem às chamadas “ciências ocultas”, as quais consistiam em tirar conclusões análogas daquilo que se observava, através da experiência e das teorias. As atenções se voltaram às práticas mágicas da Antiguidade, renovou-se o interesse pelo Oriente, pela cabala judia e a astrologia caldeia. Os sábios renascentistas, como Roger Bacon, por exemplo, consideravam a magia como uma alta ciência capaz de levar o homem a dominar e a dirigir os acontecimentos naturais.
Ainda no Renascimento, surgiu o interesse pela Alquimia através das irmandades e sociedades secretas, como a “Rosa Cruz” e “Sociedade Hermética”. Acreditavam que as mulheres foram as primeiras a receberem os ensinamentos da Alquimia através de um Tratado transmitido pelos anjos caídos. Embora no Egito as práticas alquimistas consistiam no refinamento dos metais preciosos realizados por poucos iniciados, o objetivo dos renascentistas era o de transformar o espírito através da transformação da matéria, como também, descobrir uma essência chamada “pedra filosofal” que daria aos descobridores o mesmo poder criador de Deus.
Na Idade Moderna, além da ordem “Rosa Cruz”, surgiu a Franco-Maçonaria, que se dedicou ao estudo da natureza, reservando seu objetivo real a poucos iniciados e apresentado de modo simbólico. Essa dissimulação teve como objetivo resistir à intolerância da Igreja anglicana às sociedades secretas. Os cultos de iniciação envolviam elementos do paganismo, do satanismo medieval, dos ritos dos Cavaleiros Templários e da Ordem dos Cátaros, com claro sentido anticristão.
Posteriormente, a Maçonaria se vinculou aos movimentos políticos liberais, tanto que, no século XVIII, magia e filosofia, política e religião se encontravam tão intimamente mescladas, que era difícil identificar o verdadeiro caráter das sociedades secretas europeias. Embora estabelecidas sobre rígidas linhas de diferenciação hierárquica, as sociedades secretas fizeram oposição ao regime monárquico, disseminando ideias de fraternidade e igualdade de direitos.
Na Idade Moderna, também há o retorno do Satanismo no século XVII através da adoração de uma antiga deusa semita chamada Astarot. Os Luíses que reinaram a França, dada a licenciosidade em que viviam, criaram as condições necessárias para a origem dos cultos satânicos, tendo como principal difusora a amante de Luís XIV, Mme. La Voisin, e o Padre apóstata chamado Guibourg.
No século XVII surgiu o magnetismo de Mesmer, que acreditava que a alma humana agia fora dos limites do corpo, principalmente por substâncias que saem do corpo, como o sangue, por exemplo. Acreditava que os seres humanos eram capazes de receber energia dos astros celestes, podendo usá-las para curar outras pessoas.
Já no século XVIII, Paris despontou como o centro do ocultismo, reeditando as obras de Nostradamus, Paracelso e Agripa. Swedenbord, além de fomentar todas as sociedades secretas de seu tempo, lançou uma série de obras nas quais descreveu suas viagens e visões de anjos, espíritos dos mortos e sua comunicação com eles. Influenciou o ex-monge beneditino Antonine-Joseph Pernetty, o rosacruz Martinez de Pasqually e o martinista Louis-Claude de Saint-Martin.
Na atualidade, surgiu o neo-ocultismo com Eliphas Levy, Estanislau de Guaita e Gerard Encausse. Eles acreditavam que o conhecimento científico tomou um caminho equivocado e que, por isso, era necessário reviver as antigas crenças ocultistas.
Em 1875, em Nova York, surgiu a Teosofia com Henry Steele Olcott, tendo como principal promotora Helena Blavatsky, antiga espírita que atuou com o médium e maçon, Allan Kardec, em Paris. A crença teosófica se baseava na união dos pensamentos do Oriente e do Ocidente em uma doutrina única que resumiria todos os ensinamentos. Visava alcançar os atributos do Poder Supremo e dos espíritos mais elevados através do conhecimento da natureza.
Ainda na atualidade, há o retorno do Satanismo com Aleis Ter Crowley e do Rosacruzismo com a sociedade AMORC.
O Espiritismo difundido por Allan Kardec na França, além da comunicação dos mortos, acreditava que os fenômenos parapsicológicos eram causados pelos espíritos desencarnados, sendo o médium apenas um meio de ação deles.
No século XIX, surgem as primeiras investigações científicas dos fenômenos parapsicológicos. Von Reichenbach e o Coronel Francês, de Rochas, ao investigarem o hipnotismo, constataram os fenômenos parapsicológicos nas pessoas em transe.
Na metade do século XIX, dois grupos de psiquiatras franceses, juntamente com Liebault e Charcot, converteram, definitivamente, o hipnotismo em objeto de investigação científica. Do grupo de Charcot, sobressai Pierre Janet no estudo da hipnose telepática. Charles Richet, em Souborne, apesar de usar testes com hipnose para se obter os fenômenos parapsicológicos, passou a realizar outros com igual êxito sem esse recurso.
No início do século XX, as investigações dos fenômenos parapsicológicos ganham um enfoque universitário através de John E. Coover em Stanford; em Harvard, com Troland; e em Groningen, com Brugmans.
A nível extra-universitário, surgiram as provas à distância de Usher e Burt das percepções extra-sensoriais. Ina Jephson realizou uma série experimental em 1924 com cartas de baralho com a ajuda do matemático R. A. Fisher para a avaliação estatística dos resultados. A partir de 1927, Upton Sinclair dedicou-se a experimentar a capacidade parapsicológica de sua esposa, Mary Graig Sinclair, publicando os resultados no livro “Mental Radio”, o qual foi reeditado em 1962 com um prefácio de Albert Einstein.
O primeiro laboratório de Parapsicologia surgiu em 1930 na Universidade de Duke com a nova abordagem de Rhine, o qual, superando a denominação “metapsíquica” dadas por Richet e Crookes às investigações dos fenômenos paranormais, passou a utilizar o termo “parapsicologia” como campo de estudo destes. O principal interesse de Rhine foi a investigação da percepção extra-sensorial. Em 1933, Rhine publicou o primeiro relatório de suas pesquisas através de uma monografia intitulada “Extra-sensory Perception after Fifty Years”, fazendo referência ao trabalho de investigação realizado a partir da fundação da Society for Psychical Research de Londres em 1882. Também foi publicada em 1934 pela S. P. R. de Boston, tendo circulação apenas entre os interessados na investigação parapsicológica. A partir daí, o interesse público pelas pesquisas se acentuou, novos investimentos foram realizados e o resultado foi a criação de um laboratório dedicado exclusivamente à investigação dos fenômenos parapsicológicos, funcionando em dependência ao Departamento de Psicologia da Universidade de Duke.
A formação do laboratório de Parapsicologia recebeu como complemento em 1937 o “Journal of Parapsychology”, publicação trimestral dos informes das experiências realizadas por Rhine.
No Congresso de Psicólogos em 1938, foi estabelecido um julgamento acerca da validade científica do trabalho de Rhine, tendo 89% dos psicológicos presentes favoráveis à investigação da percepção extra-sensorial como científica e 78% estimaram que estava enquadrada na Psicologia.
Até fins da década de 30 só se conheciam os trabalhos de Rhine na Universidade de Duke, porém, a partir da década de 40, deu-se a formação de outros centros de investigação dos fenômenos psi e demais conferências internacionais nos EUA, Rússia, Alemanha, Grã-Bretanha, França, Checoslováquia, Holanda e Argentina.
No Brasil, em 1970, surgiu o Clap – Centro Latino-Americano de Parapsicologia, fundado pelo Padre Oscar González Quevedo, dedicado ao estudo dos fenômenos, permanecendo em atividade até o ano de 2012.
FANTONI, Bruno A. L. Magia e Parapsicologia [tradução de José Antônio Ruiz]. São Paulo: Ed. Loyola, 1977.
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